"-Conta-me uma história.
-Uma história?-Incrédulo, estranhava.
-Sim, inventa.
-Com pessoas ou animais?
-Puxa pela imaginação!- respondia-lhe, divertida com a tarefa complicada que lhe exigia.
-Não tenho muita... – Preparava-me para um enredo pobre.
-Não faz mal. Qualquer coisa serve para me entreter. - Estimulava-o pela regra mais básica da psicologia.
-Bem... – Ganhava tempo. Sentia-se obrigado a impressionar-me e eu percebia. - Era uma vez... – Virada para os tachos, escondia uma enorme vontade de me rir; aquele homenzão a preparar-se para me contar uma história infantil! -... um elefante que vivia num bosque...
-Um elefante num bosque? – Dificultava-lhe a vida. Tinha de se aguentar.
-Não, enganei-me, numa selva... Não, o elefante vivia no bosque! Quem ouve a história não deve dar palpites. - Boa, é assim mesmo!
-Tens razão, desculpa.
-Vivia muito triste num bosque porque estava fora do seu habitat natural. - Que querido, não conseguia desligar-se do meu reparo em relação ao bosque. - Além disso, ninguém gostava dele porque aquele animal era grande e assustava-os. Então, o elefante estava sempre sozinho... a pensar na vida... – era cómico assistir ao seu desenvolvimento naquela tarefa..."
Monday, June 12, 2006
"Nua e Crua" de Marta Gutier
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